quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Vegetarianos, veganos e compaixão


" Já pensou se todas as pessoas fossem veganas? As vacas iriam nos dominar."
Hoje tratarei de um tema polêmico que envolve não só crenças religiosas, impactos ambientais, mas também compaixão e o rompimento da cultura vigente no Brasil. Caro leitor, resolvi lançar como abertura a frase em negrito acima, qual não é de minha autoria. Ouvi-a de colegas de escola desconhecidos enquanto almoçava no refeitório durante meu segundo colegial. Achei inusitado o posicionamento e resolvi guardá-la nas notas de celular. Logo, aqui estou, há mais ou menos um ano depois, utilizando-a em um texto. 
Primeiramente, irei comentar a respeito da afirmação. Sabe-se que os veganos deixam de comer não apenas a carne vermelha, como todos os tipos de carnes e derivados do reino animal, como leite, queijo e ovos. Portanto, de acordo com a lógica, as vacas iriam nos dominar ao lado dos porcos, das galinhas e dos peixes em uma revolta contra os humanos. Lógico, trata-se de uma fantasia, chegando a ter seu grau de humor.
      Porém, apesar de eu ter tratado com comicidade a citação, o costume carnívoro do ser humano é algo a ser repensado. 
      Há quase dois meses atrás virei vegetariana, para ser mais específica, ovolactovegetariana. Ou seja, sem nenhum tipo de carne, entretanto com o consumo de derivados animais, alguns já especificados ao longo do texto. Ao contrário do que muitos pensam, tive acompanhamento médico e não precisei de suplementos de vitaminas, nem mesmo a B12, tão famosa na questão da falta de carne. Assim, confirmo que é possível ser vegetariana e ter saúde. 
A questão da pecuária, de matadouros e empresas de distribuição, tanto no Brasil, como no mundo, envolvem muito dinheiro. Além disso, movimentam o mercado. Porém, ao mesmo tempo, inclui diversos problemas. O mais concreto deles trata-se dos impactos ambientais. O desmatamento de diversas áreas do planeta para a pastagem destrói vegetações nativas e, no nosso país, avança hoje para a Amazônia.


Ademais, o setor da pecuária colabora para emissão de CO2, agravando o efeito estufa, provocando, em conjunto com os meios de transportes e a indústria, o aumento da temperatura mundial, tendo, por conseguinte, o derretimento das calotas polares junto a elevação dos níveis do oceano.

     Até mesmo o consumo de água é elevado para a produção de carne, principalmente a bovina, de acordo com a informação da imagem abaixo.

Somente esses fatores seriam suficientes para argumentar contra essa prática. Contudo, existem as questões mais abstratas para serem compreendidas. Muitas crenças religiosas pregam a questão da não violência aos seres, levando várias pessoas a aderirem à causa do vegetarianismo, além de que o não consumo de toda a energia do sofrimento daquele animal é relevante e também melhora o corpo para práticas de meditação. 
       Para aqueles os quais não seguem nenhuma linha religiosa, vejam, em nosso país, isso é uma forma de atuação política. Você está saindo do convencional, do comum. Está indo contra a corrente. Tudo que lhe foi ensinado desde criança na maioria das famílias brasileiras como o prato correto (a salada, o arroz, feijão e a típica carne) será parcialmente desconstruído. Os churrascos de fim de semana serão modificados. E inúmeras pessoas irão te perguntar com espanto: "Você não irá comer esse file mignon delicioso?". Nesse momento, respire fundo e negue. Sim, será diferente para os outros, a não ser que eles já sejam vegetarianos/veganos. Já escutei também algo do tipo: "Por que não come mais carne? É muito bom!". A questão é: não nego o gosto de tal objeto de consumo, mas sim, tudo aquilo arraigado a ele. Digo que a carne é um vício. No começo sentirá vontade de comer, depois, passa. Justamente porque o ser humano não precisa disso, há outras fontes vegetais que substituem as proteínas essenciais.
Por fim, o último elemento, todavia não menos importante: a compaixão. Para deixar de consumir outros animais é necessária a presença da empatia tanto com o próprio ser humano quanto com os outros seres vivos que compartilham o mesmo planeta. O sofrimento é inevitável no mundo, mas há a possibilidade de minimizá-lo. Por que então não fazê-lo? Simplesmente devido à vontade de satisfazer seu próprio prazer comendo um bife? Para mim, isso é uma variação do egoísmo. Salvo exceções daqueles que não possuem dinheiro suficiente para poder escolher a própria comida, ou indivíduos em situações extremas.
Para finalizar esse texto, realmente um pouco longo, termino com a suplicação: por favor, parem de comer cadáveres. 
            


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