O novo e último longa-metragem do
aclamado roteirista e diretor Hayao Miyazaki, do Estúdio Ghilbi, revela em “Kaze Tachinu” (Vidas
ao vento) um filme diferenciado. Este foi desenvolvido para o público adulto, sendo também o mais realista
dentre suas animações de destaque como "A viagem de Chiriho" ou "Meu vizinho Totoro". Entretanto, esse fator inovador não impediu que a bela simplicidade fosse extinta. A animação foi
lançada no Japão em julho de 2013, baseado em um mangá criado por Miyazaki, já
recebeu o prêmio de melhor animação pela National Board of Review tendo também
três indicações ao Annie Awards (Oscar de animações). A história narra a biografia ficcional de Jiro
Horikoshi, um garoto que, inspirado por Caproni — um designer aeronáutico italiano
— tinha um sonho desde a infância: desenhar belos aviões. Sendo assim, em
1927 ele ingressa em uma grande empresa de engenharia e trouxe, posteriormente, grandes inovações para o mundo da aviação. Durante a narrativa ele
conhece uma jovem Nanoko e se apaixona por ela envolvendo o filme em uma mescla
de romance e drama, envoltos anos antes do inicio da Segunda Guerra Mundial.

Os
diálogos são um dos pontos fortes da animação e amplamente aproveitados. Muitos
deles, ditos dentro dos sonhos de Jiro trazem reflexões a
respeito do início do avanço tecnológico na aviação, em que subentendemos a dificuldade de Jiro entre seguir seu sonho de projetar aviões, mesmo sabendo os
fins nos quais eles seriam utilizados, ou desistir. Também é possível perceber o desejo real do protagonista de projetar aviões especializados no
transporte de pessoas e não somente utilizados na guerra
A
trilha sonora de Joe Hisaishi, como era de se esperar, continua enfatizando
ainda mais a simples complexidade do filme. Os traços, apesar do cenário
realista perante seus antigos feitos, mostra-se preservado, sem aparentar mudanças significativas.
O
único ponto desestimulante da animação é o lento acontecimento dos fatos, o que
pode fazer com que alguns espectadores percam o interesse pela história ou não se atentem aos diálogos bem
construídos.
Em
suma, “Vidas ao vento” mostra-se uma despedida singela e reflexiva do grandioso
mestre da animação japonesa, demonstrando que não só é excelente com histórias de magia, mas também consegue produzir com excelência obras para todos os
tipos de públicos.
